7 de março de 2009

A Torre

Prólogo

Eram um príncipe e sua amada, mas não mais: algo a levou, e ele ficou só. “E agora, papai?” Perguntou ao Rei. “Vai procurá-la, meu filho!”. Mas se o Rei morresse enquanto o príncipe estivesse em viagem, quem governaria seria seu cruel irmão megalomaníaco – o reino colapsaria. “Não te preocupes, meu filho, que eu não morro antes de teu regresso!” Ele partiu. Espada, alazão e amor. Não sabia onde procurar. Ajoelhou-se ao lado do alazão e perguntou aos céus onde buscar. Desceu do empíreo uma imagem vaporosa e edênica de uma virgem belíssima: “Procure na torre que desponta do chão, como um verme traiçoeiro que rompe a terra e busca o céu!” “Onde, onde: onde está a torre?” “Isso não vos digo, majestade, perguntai a outro”. Cavalgou sem rumo e se deparou com uma estalagem rústica, onde passou a noite. Amanhecido, perguntou o porquê do alvoroço popular à recepcionista: “É uma torre enorme que irrompe do solo e faz tremer os povoados do noroeste! Espalha o pânico como uma epidemia!” Comeu o desjejum e partiu rumo a noroeste. O firmamento ficava marrom à medida que se aproximava de seu destino. Finalmente, chegou e viu: uma torre colossal rasgava o chão. Seu alazão se recusou a continuar, e seguiu ele só. Sentiu o panteão a observá-lo de cima; sentiu a confiança bruxuleante se encorpar em uma chama imponente que incandescia na escuridão. Guiou-se até o portão de entrada da torre. Cantou uma ode aos deuses. Entrou.


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