O valor de um dia é contestável. Sua duração temporal é concreta demais, seu desenvolvimento é muito insignificante. Afinal, é apenas um dia, mais uma vez em que a Terra, inocentemente, roda a baiana. O valor da hora é duvidoso, e também o é o do minuto, o do segundo, o do milésimo. Sempre que se diz que o tempo passa, eu questiono: "passa mesmo?"
Divago assim porque, recentemente, aniversariei, completando dezenove outonos. Olhei no relógio do computador: sábado, 12 de setembro de 2009. Não me senti dois dias mais velho, ou dezenove anos mais velho, ou qualquer coisa. Dizia 00:37, também, outro número que pouco me dizia, num momento em que o tempo me pareceu tão abstrato, mas tão abstrato, que simplesmente não existiu, inexistiu.
O valor do dia existe precisamente na ausência de um valor real, na arbitrariedade de sua passagem. O valor da hora persiste na nossa imaginação, nas nossas conjeturas tolas. E tocava música: e a música, efêmera, me pareceu muito mais eterna.