21 de julho de 2010

Sexo

Não há tempo para consequências, há apenas aqueles segundos preciosos entre a catástrofe e o júbilo, entre o toque e a distância eterna. Uma infinitude de senões e apesares os leva e os afasta um do outro, um pulsar imperceptível, como o bater do próprio coração, natural e incontestável. Não há tempo para conjeturas ou hipóteses, há apenas o certo e o errado -- uma afirmação cabal da dualidade do universo, um manifesto maniqueísta: tudo é cinqüenta por cento. E suas mãos conquistavam uma a outra, num contato frio, trêmulo, úmido, uma troca privilegiada de primeiras experiências, a mais pura aquisição de conhecimento, aprendizagem de vida -- a juventude se contrapunha à maturidade do ato, enquanto as mãos traçavam avenidas geladas pelos braços, cotovelos, ombros, pescoços. Não há mais espaço para teorizações pedantes, há apenas o tempo-espaço do toque, da união mais pura, à qual escapa qualquer definição ou descrição -- há apenas a verdade absoluta dos corpos.