26 de setembro de 2010

Dor

pouca coisa descreve a angústia da espera.
a espera é uma doença cuja única cura é a chegada.
mas quando não chega, é terminal.
a espera é aguda.
é a agonia de sentar e sentir aos poucos os olhos úmidos, ofuscados pela luz da esperança.
esperança é placebo.
pouca coisa descreve o patético desfecho de uma madrugada na qual se esperou.
pouca coisa descreve a agonia de se dizer que já amou, mas que se teve que esperar.
e o amor não chegou.
nada descreve a dor irremediável da lembrança.
lembrança da espera.
lembrança da esperança.
lembrança do amor que não chegou.
a espera é uma ausência triste, que incha, mas nunca explode.
é um tumor maligno que te toma a vida discretamente.
eu odeio esperar.
e, como amar pressupõe esperar,
odeio amar.