13 de novembro de 2009
Dimensão
às
14:26
Mergulhado num vento gelado, voava, voava: balançava as asas, planava, sentia uma liberdade tão falsa quanto todas as outras verdades -- o céu, tão azul e livre, permitia que fechasse os olhos, numa inocência tão falsa quanto todas as outras mentiras. Era um bailarino angelical e pueril, e vivo, tão vivo quanto a própria morte, e sólido, tão sólido quanto os próprios pensamentos -- e se desmanchava em si mesmo, no ar, convertendo matéria na alegria mais pura que já sentira. A luz do sol coloria suas feições de um dourado tão limpo que iluminava individualmente cada sarda do seu rosto, cada fiapo negro de sua íris vítrea, cada sulco dos seus lábios cor-de-rosa, cada fio de cabelo loiro.